EUA

Trump: bilionários financiam tomada de posse e também vão governar

20 de dezembro 2024 - 17:49

Os grandes empresários da tecnologia anunciaram doar milhões ao fundo para a tomada de posse de Trump, juntando-se assim a muitos outros patrões. Do lado dos nomeados para o próximo Governo, há uma lista impressionante de bilionários a conhecer.

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Trump abre bolsa de Nova Iorque
Trump abre bolsa de Nova Iorque. Foto de Justin Lane/EPA/Lusa.

Trump resumiu assim a situação numa conferência de imprensa na passada segunda-feira: “no primeiro mandato, toda a gente estava a lutar comigo. Neste segundo mandato, toda a gente quer ser meu amigo”. Entenda-se toda a gente que é gente, como se costuma dizer na expressão elitista. Porque com isto se referia aos mais ricos do país.

Muitos destes bilionários, entre os quais os mais ricos patrões do setor da tecnologia, anunciaram que vão financiar a festa de tomada de posse de Donald Trump. Jeff Bezos, da Amazon, Mark Zuckerberg, da Meta/Facebook, Sam Altman, da OpenAI, gastarão um milhão de dólares cada neste evento.

Isto não obstante as más relações de Trump com alguns deles. O presidente eleito dos EUA tinha por exemplo responsabilizado o Facebook pela sua anterior derrota eleitoral e até chegou a jurar que mandaria Zuckerberg para a prisão.

Bezos colocou a sua plataforma de streaming, a Prime, ao serviço da causa trumpista, transmitindo o evento. E Altman, atualmente em disputa judicial com o influente Musk, disse à Fox Business que acredita que Trump vai “liderar o nosso país para a era da IA”. Talvez acreditando no mesmo mas certamente tentando chegar à sua fatia de influência, Dmitry Shevelenko da Perplexity, uma empresa do setor, disse ao Bloomberg que também se chegava à frente com um milhão, gabando a abertura do presidente aos negócios do setor e a sua promoção da “liberdade de expressão” e aversão à regulação.

Há ainda quem pague mais. A plataforma de comércio de ações Robinhood anunciou a doação de dois milhões, segundo a Reuters, a mesma fonte que deu conta que a Uber decidiu doar um milhão que se soma a mais um milhão doado pelo seu CEO Dara Khosrowshahi.

O setor financeiro também está a anunciar que participa na festa. Banco da América e Goldman Sachs já disseram que planeiam despender dinheiro no ato mas não esclareceram ainda quando. A Citadel e o seu fundador, Ken Griffin, doarão um milhão.

Para além disso, somam-se os encontros privados. Zuckerberg foi jantar no clube privado de Trump na Florida. Bezos também foi ao encontro dele. Assim como o CEO da Apple, Tim Cook. E o CEO da Google, Sundar Pichai, fez também saber que tem marcada uma reunião com o presidente eleito. E quem também foi a Mar-a-Lago foi o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, nas vésperas da empresa ver cumprida a sentença que determina que mude de mãos para patrões norte-americanos ou seja bloqueada no país.

Trump monta um governo de bilionários

Das nomeações governamentais feitas por Trump até ao momento sabe-se que o próximo executivo norte-americano será um Governo de bilionários. A expressão é da Axios, na sua análise, mas é partilhada por muitas outras fontes. Muitos deles foram fortes contribuintes para a sua campanha eleitoral.

Estima-se que o património líquido combinado dos 13 bilionários em questão seja de 460 mil milhões de dólares, algo inédito na história do país, e superior ao PIB de países como a Finlândia, o Chile e ao Nova Zelândia.

Nele se inclui o homem mais rico do mundo, Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e Twitter, entre outras e que por si só detém cerca de 439 mil milhões. Este tinha doado 200 milhões para a campanha presidencial. Ocupará um “Departamento para a Eficiência do Governo”. A seu lado, a chefiar a instância estará outro bilionário, Vivek Ramaswamy, empresário da biotecnologia, detentor de cerca de mil milhões.

Para além deles, há bilionários no Departamento do Tesouro, Scott Bessent (protegido de George Soros antes de fundar uma firma própria); Comércio, Howard Lutnick (CEO da Cantor Fitzgerald, empresa de serviço financeiros, da qual detém a maioria do capital); Educação, Linda McMahon (fundadora com o agora ex-marido da empresa de wrestling WWE e que vale mais de três mil milhões de dólares); Interior, Doug Burgum (ex-governador do Dakota no Norte, empresário que passou da informática, ao imobiliário e ao capital de risco) ; na Administração das Pequenas Empresas, Kelly Loeffler (ex-senadora, CEO do Bakkt, uma plataforma de criptomoedas, casada com um grande doador de Trump, Jeffrey Sprecher, o CEO da Intercontinental Exchange, dona da bolsa de Nova Iorque); e na NASA, Jared Isaacman (empresário dono do sistema de processamento de pagamentos Shift4 Payments e ex-proprietário da companhia aérea Draken International).

A eles se juntam ainda David Sacks, ex-executivo da PayPal e dono de várias empresas como a empresa de capital de risco Craft Ventures, que cuidará da Inteligência Artificial e criptomoedas, e o financeiro Stephen Feinberg, como número dois do Pentágono.

Também nas embaixadas há bilionários doadores da campanha empresarial. Entre eles, Warren Stephens, embaixador no Reino Unido, que fez “carreira” no interior do banco de investimento Little Rock, propriedade da sua família, até chegar a CEO. Também dos donos da Conair, que faz produtos para o cabelo, Leandro Rizzuto Jr., cuja família detinha 3,5 mil milhões de dólares em 2017 e que será embaixador na Organização de Estados Americanos. E Tom Barrack, embaixador da Turquia (fundador da empresa que especula em imobiliário Colony Capital que detém mil milhões).

Isto para além dos sogros de Trump, Charles Kushner que será embaixador em França (magnata do imobiliário cuja família detém aproximadamente 1,8 mil milhões) e Massad Boulos.

Abaixo do nível de bilionário mas milionários na casas das largas centenas estão outras figuras que vão passar a governar como o médico estrela de televisão Mehmet Oz (que administrará o Medicare e o Medicaid), Frank Bisignano, administrador executivo da Fiserv, empresa de tecnologia financeira (que será comissário da Segurança Social), o executivo do imobiliário Steven Witkoff (enviado para o Médio Oriente, detentor de mil milhões e promotor imobiliário) e o CEO do fracking Chris Wright (para o Departamento da Energia).

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