Trump escondeu documentos secretos e pode acabar preso

10 de junho 2023 - 18:50

Donald Trump tornou-se o primeiro ex-Presidente dos EUA a enfrentar acusações de crimes federais, por se ter recusado a devolver documentos classificados, escondendo-os das autoridades.

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Donald Trump.
Donald Trump. Foto Gage Skidmore/Flickr

Quase um ano após a busca do FBI na sua residência em Mar-a-Lago, na Florida, Donald Trump soube esta semana que será acusado de sete crimes e arrisca-se a ser condenado a várias décadas de pena de prisão por ter praticado 31 vezes o  crime de retenção propositada de informação sobre a defesa nacional dos EUA, conspiração para obstrução da Justiça, retenção e sonegação de documentos, sonegação de documentos no âmbito de uma investigação federal, conluio com vista a sonegação e falsas declarações.

Segundo a acusação, citada pelo Washington Post, Trump vivia literalmente rodeado de informação confidencial, com caixas de documentos empilhadas num quarto, numa casa de banho e num salão da sua residência. Nem o ex-Presidente nem os seus assessores e advogados pareciam preocupados com isso até que foram intimados a devolver os documentos. "Não seria melhor dizer-lhes que não temos aqui nada disso?", terá perguntado Donald Trump aos seus advogados em meio de 2022.  

Trump devolveu alguns dos documentos aos arquivos nacionais na sequência da intimação e não terá de responder por nenhuma acusação em relação a esses. Quanto aos que não quis devolver e foram apreendidos um ano e meio depois nas buscas do FBI, a acusação indica 31 casos de informação sensível da defesa nacional, incluindo um sobre o arsenal militar dos EUA, outro sobre a capacidade nuclear de um país estrangeiro, vários sobre operações militares contra as tropas dos EUA ou de outros países, além de briefings dos serviços de informações ao então Presidente ou transcrições de conversas com líderes políticos estrangeiros.

Em plena campanha para as primárias republicanas das presidenciais do próximo ano, Trump reagiu à acusação com ataques ao procurador especial responsável pela investigação, chamando-o de "psicopata perturbado que não deveria estar envolvido em nenhum caso relacionado com a 'Justiça'". Por seu lado, o procurador Jack Smith prometeu que a sua equipa irá procurar "um julgamento rápido" e que as leis "se aplicam a toda a gente".

Além desta acusação, Donald Trump enfrentará também um julgamento por ter feito pagamentos ilegais das suas contas de campanha presidencial em 2016 a mulheres em troca do seu silêncio sobre encontros íntimos. E provavelmente será acusado na Georgia por ter tentado reverter o resultado eleitoral naquele estado nas presidenciais que perdeu em 2020. O calendário dos julgamentos pode cruzar-se com o das convenções partidárias para nomear os próximos candidatos à presidência em meados de 2024.

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