Num jantar-comício esta segunda-feira no complexo desportivo do Casal Vistoso, mil participantes, entre os quais dirigentes dos partidos integrantes da coligação Viver Lisboa, que junta Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Livre e PAN, juntaram-se à cabeça de lista Alexandra Leitão.
Esta manifestou a vontade de “devolver a cidade aos lisboetas” e trabalhar para “uma cidade mais justa, mais coesa, mais igual, com mais e melhor habitação, melhor mobilidade, mais cuidada, mais limpa, mais verde”, o que passa por “afastar Carlos Moedas”.
O atual presidente da autarquia “falhou em tudo”, afirma, exemplificando com as áreas da habitação, da higiene urbana e da mobilidade. Pelo que “Lisboa merece muito mais”. E precisa de mais exigência “com todos, sem admitir desresponsabilizações, nem passa-culpas, a começar pela câmara” e não “de unicórnios”.
A candidata desta coligação de esquerda comprometeu-se assim com várias medidas “não nos primeiros 100 dias, mas nos primeiros 30”. Entre elas está a criação do fundo de apoio às vítimas do acidente no elevador da Glória, uma providência cautelar contra o aumento dos voos no aeroporto de Lisboa, aprovar o regulamento do alojamento local e promover “uma grande operação de higiene urbana” na cidade.
Alexandra Leitão agradeceu ainda aos muitos independentes que fazem parte das listas da coligação e que a apoiam e aos partidos parceiros que “souberam pôr os interesses de Lisboa à frente dos seus próprios interesses”.
Uma Lisboa para quem vive do seu trabalho, não para os unicórnios ou para a auto-promoção
Representantes de todos estes partidos também falaram nesta noite. Marisa Matias destacou que se trata de “tornar Lisboa uma cidade justa para todas as pessoas, uma Lisboa que não se rende à especulação, mas que se abre à solidariedade. Uma Lisboa onde se possa viver, e não apenas sobreviver”, “que não é só para quem nos visita, mas também para quem cá vive e trabalha, em que o futuro não seja decidido em gabinetes fechados, mas construído com a participação ativa”.
E, para ilustrar os problemas de habitação no concelho, contou a história de uma amiga que recebeu uma notificação do senhorio a aumentar a renda, que “não aguenta uma renda que lhe leva dois terços do ordenado” e que pediu apoio à Câmara mas obteve como resposta que “não há nada a fazer”. A história de Sofia é a de “milhares” em Lisboa que todos os meses “tremem com medo de receberem a carta que vai subir a renda e que as vai expulsar da cidade” e que “passam a vida nos sites de casas a procurar, a procurar, a procurar um T0 onde possam viver…”

A dirigente bloquista sublinha que nos últimos quatro anos “as rendas subiram 70%” e recorda a proposta de “renda moderada” do Governo de 2.300 euros, quando o salário médio é de cerca de 1.500 o salário mínimo é de 870. Carlos Moedas, afirma, tem a mesma política: “as suas propostas foram sempre de rendas que ninguém pode pagar”. Para além disso, há um ano “tentou vender sete terrenos municipais à especulação imobiliária que poderiam ter permitido a construção de centenas de casas municipais”.
Pelo contrário, “Alexandra Leitão quer governar para os jovens, para as famílias, para as pessoas idosas, para quem vive do seu trabalho, não para os unicórnios ou para a auto-promoção”.
Marisa Matias invocou ainda a coligação que Jorge Sampaio liderou para derrotar a direita, afirmando “somos herdeiras, somos herdeiros dessa força”. “E se em 1989 foi necessário juntar forças para lutar pela habitação, pelos transportes, por melhor higiene urbana, agora é ainda mais e é preciso virar a página ao desastre que foi o mandato de Carlos Moedas. Se ganhar, Moedas quererá levar o seu programa ainda mais longe, agora com a IL e, quem sabe, com a extrema-direita”, indica.
A oportunidade de fazer história e a responsabilidade histórica
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, também marcou presença, tendo sublinhado que não há “outra oportunidade de fazer história” em Lisboa a não ser elegendo Alexandra Leitão como presidente de Câmara. Esta, afirma, é uma candidatura “por mais espaços verdes e habitação digna, por uma cidade para as gerações mais novas”, com alojamento para estudantes e que “não deixa os animais para trás”. Ao contrário do atual presidente da autarquia que deixou a vivência em comunidade para trás e virou Lisboa para “roteiros turísticos e unicórnios”.
Já o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, criticou Carlos Moedas porque “reunião após reunião, proposta após proposta, voto após voto” “simplesmente desleixou a cidade, negligenciou a cidade, não ouviu, não participou”. Para ele, seria uma “irresponsabilidade” deixar Carlos Moedas mais quatro anos a governar a cidade de Lisboa. Até porque este “pode ficar refém da extrema-direita” a partir de domingo. É assim “uma responsabilidade histórica” mudar de executivo porque mais quatro anos deste deixar-nos-iam com “uma cidade dividida, polarizada, a continuar a expulsar a classe média e a classe trabalhadora e a deixarem uma Lisboa para o futuro onde as forças do progresso, da ecologia e do humanismo estariam politicamente acantonadas durante décadas”.
Seguiu-se-lhe José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, que defendeu que o “voto consequente” em Lisboa é na “alternativa, séria e credível” liderada por Alexandra Leitão. Elogiou ainda a “sensibilidade, força e capacidade para ser intransigente quando tem que ser com aquilo que é fundamental” da cabeça de lista.