Depois de na sexta-feira ter anunciado que iria despedir cerca de cinco mil trabalhadores, a maior parte na Alemanha, a Bosch acrescenta agora que irá cortar os horários de trabalho de 38-40 horas semanais para 35 horas com a consequente perda salarial a outros dez mil trabalhadores.
A notícia foi confirmada esta segunda-feira pela empresa à revista Fortune, justificando-se com a “profunda transformação” vivida no setor da mobilidade e a estagnação na produção automóvel, o seu principal cliente. Stephan Hölzl, vice-presidente-executivo, fala em “ajustar estruturas” e “reduzir custos a longo prazo para fortalecer a competitividade”.
A empresa alega a situação económica difícil do país, que caminha para o segundo ano consecutivo de crescimento económico negativo e com uma recessão a atingir o setor da manufatura.
A Bosch é uma das maiores empresas da Alemanha, indicando no seu relatório anual de 2023 ter 429.000 trabalhadores, e a sua crise junta-se à de outro gigante, a Volkswagen, que irá também fechar pela primeira vez fábricas no país, para além de cortes salariais, num plano de diminuição de “despesas” de dez mil milhões de euros. Os trabalhadores da Volkswagen já reagiram, através de manifestações, e preparam agora uma greve.
Despedimentos em Portugal não estão descartados
No nosso país, a empresa tem mais de 7.000 trabalhadores em Braga, Aveiro, Ovar e Lisboa. Depois do anúncio do plano de despedimento, a filial portuguesa remeteu-se a uma declaração em que dizia ser “muito cedo” para fornecer mais informações e que “as negociações estão apenas a começar” com as estruturas representativas dos trabalhadores.
Trata-se de um discurso que mudou. Ainda a 15 de novembro, ao jornal Eco, a empresa respondia taxativamente que: “Portugal não será afetado pelos despedimentos e mantém-se o que dissemos no dia da apresentação dos resultados relativamente ao crescimento previsto, ou seja, a estratégia mantém-se. Até se dizia que “apesar de um ambiente económico e social a nível global que se mantém exigente, as expectativas para 2024 são de um ligeiro crescimento em todas as localizações em Portugal.”