Numa coluna de opinião divulgada esta quinta-feira no Público, os membros do Conselho Nacional da CGTP João Pedro Silva, Nélson Silva, Paulo Gonçalves, Paulo Ricardo e Pedro Ramos fazem um balanço da sua participação no órgão e ponderam os “desafios colocados aos trabalhadores e à central” com o horizonte do próximo congresso da organização que decorrerá em fevereiro.
Começam por lembrar que a história da central sindical “tem na sua origem uma confluência unitária de tendências e sensibilidades do mundo do trabalho organizado” para vincar que “essa pluralidade deve ser respeitada e aprofundada para lá da aparência”.
No órgão a que pertencem, há presença de sindicalistas de várias sensibilidades “mas é preciso que tenham possibilidade de participação democrática real”. Denuncia-se assim que, no mandato que agora se aproxima do final, “nenhuma resolução política alternativa foi sequer distribuída ou colocada à votação no conselho nacional” e que “falta de democracia interna levou ao abandono de diversas reuniões do conselho nacional por parte de conselheiros de várias sensibilidades, entre elas a bloquista, à qual também sempre foi recusada a participação na comissão executiva”.
Esta é uma situação que, defendem, “deve mudar no próximo congresso”. Outra das situações denunciadas é o “bloqueio” por parte da “maioria do PCP” à adesão de novos sindicatos “mesmo quando esta é aprovada no conselho nacional” como é o caso do STSSSS – Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social.
Critica-se ainda a posição da CGTP sobre política internacional, contrapondo-se que esta “deve afirmar, sem exceções, os princípios da autodeterminação dos povos e das Nações Unidas”. Isto significa que estes sindicalistas apoiam a posição tomada sobre a Palestina mas acham que “deve mudar a sua posição sobre a Ucrânia, condenando sem hesitações o imperialismo de Putin e a invasão”. Ainda a nível internacional, assinala-se “raramente” se debate as posições a tomar na Confederação Europeia de Sindicatos.
Do seu ponto de vista, é preciso “multiplicar as experiências unitárias e de articulação com movimentos sociais, como aconteceu recentemente na luta pela habitação”. “O momento e a conjuntura políticas exigem capacidade de diálogo e participação da CGTP em iniciativas em defesa do Estado Social”, afirma-se, antes de se criticar como “a maioria da direção boicotou mobilizações cidadãs convergentes com os objetivos da CGTP, como o Movimento +SNS, que integrava vários sindicalistas da CGTP”.
Acredita-se ainda que “são necessárias propostas que não desguarneçam a defesa dos direitos dos trabalhadores” face a “novas realidades como o teletrabalho” como “as plataformas digitais ou a utilização de algoritmos”. Há que “ter mais massa crítica sobre as novas fronteiras do direito laboral e o combate a novas formas de exploração, em lugar de uma abordagem conservadora que não protege quem é mais explorado”.
Critica-se ainda a posição da maioria da central sindical no debate em torno da Agenda do Trabalho Digno, onde “não soube, ou não quis, apresentar propostas contundentes”. Um “demissionismo” ao qual se contrapõe “empenho e aprendizagem, incluindo com sindicatos e centrais de outros países europeus”.
Outra das falhas identificadas é que a CGTP “não pode ser temerosa no debate e na estratégia de sindicalização” de precários e imigrantes.
Estes dirigentes terminam o seu texto a dizer que não querem “fugir” destas “prioridades e debates”. “Não nos demitimos de dar este contributo agora e para o próximo congresso”, concluem.