Escolas fechadas em dia de greve de professores pela defesa da escola pública

06 de outubro 2023 - 12:32

No culminar da semana do professor, a plataforma de nove estruturas sindicais de docentes convocou esta paralisação que teve “grande adesão”. De acordo com os sindicatos, houve 80% de adesão à greve e fecharam 90% dos estabelecimentos de ensino.

PARTILHAR
Centro Escolar Quinta das Flores, em Coimbra, encerrado por causa da greve de professores. Foto de  PAULO NOVAIS/LUSA.
Centro Escolar Quinta das Flores, em Coimbra, encerrado por causa da greve de professores. Foto de PAULO NOVAIS/LUSA.

Esta sexta-feira é dia de greve de professores convocada pela plataforma sindical que reúne FENPROF, FNE, ASPL, Pró-Ordem, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU. A greve culmina a “semana do professor” e segue-se ao Dia Mundial do Professor que se assinalou nesta quinta-feira. Estes sindicatos eram unânimes desde o início da manhã em considerar que estava a haver uma “grande adesão”. E a FNE apresentou, a meio da manhã desta sexta-feira, uma lista significativa das escolas que tinham encerrado na sua totalidade.

A meio da tarde, num balanço mais oficial, a estimativa era de que tinham encerrado 90% das escolas dada uma adesão de 80% em todo o país, listando os sindicatos milhares de escolas encerradas.

À RTP, no Centro Escolar do Bairro Norton de Matos, em Coimbra, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof explica que se trata de uma forma de “chamar a atenção da opinião pública para os problemas que a escola pública está a viver, como o Serviço Nacional de Saúde, como outros serviços públicos, que este Governo parece apostado em destruir”.

Sobre os problemas que atingem em específico os professores enumera: “desvalorização da carreira, salários que não permitem pagar uma habitação, precariedade que se arrasta anos após anos, um envelhecimento da profissão que leva a que cada vez haja mais situações de baixa, problemas que têm a ver com um desgaste imenso que têm a ver com um horário de trabalho que vai crescendo, crescendo, porque tentam superar a falta de professores à custa de sobrecarregar outros”. Razões para que este seja “o primeiro dia de luta deste ano” mas também para que “infelizmente” não seja o último.

O dirigente sindical dirige-se também às famílias “que são completamente desrespeitadas aqui”, havendo atualmente “alunos sem três, quatro professores”. Deixa assim o repto para que estas exijam “que o Ministério da Educação cumpra aquilo que é a sua obrigação que é garantir professores qualificados para as escolas”.

Mário Nogueira acusa o governo de “irresponsabilidade”, de ter “um ódio de estimação pelos professores” e de querer “baixar a formação de professores” para “delapidar” a carreira e contabiliza neste início de ano letivo “1.200 professores não qualificados nas escolas”, situação que se vai agravar porque se vão reformar em dois meses mais de 600 professores.

Mas as suas críticas vão também para os deputados do PS que são professores, afirmando que “é lamentável” que estes “tenham votado contra os seus colegas, esquecendo-se que, se estivessem nas escolas, o salário dos colegas era o que tinham, pensando que desta forma absolutamente vergonhosa vão conseguir continuar a ser alimentados por um aparelho que os mantém como deputados. Deviam ter vergonha na cara”. Esta quarta-feira, o Bloco de Esquerda propôs novamente a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias, o tempo de serviço congelado desde o governo de Passos Coelhos, outra das reivindicações centrais dos professores.

O Grupo Parlamentar do PS chumbou “todas as iniciativas parlamentares que visavam valorizar a profissão de professor, não apenas as que propunham a contagem de tempo de serviço, mas até a simples referência de valorizar a profissão foi chumbada”.

Os docentes esperam pelo orçamento que vai ser brevemente apresentado mas não têm esperança que este signifique uma alteração de rumo. Assim, “se este Orçamento não contiver a primeira tranche de faseamento de recuperação do tempo de serviço, não prever verbas para as escolas poderem dar resposta a problemas que hoje têm, não for um orçamento que aponta para uma verdadeira medida de combate à precariedade e não aquilo que nós hoje temos, se for um orçamento de mais do mesmo, vamos continuar com lutas”.

Atualizado às 16.35 com os números de escolas fechadas segundo a plataforma sindical.