Alterações climáticas

Países mais poluidores planeiam produzir ainda mais combustíveis fósseis

22 de setembro 2025 - 18:23

Os vinte principais países produtores de combustíveis fósseis irão produzir até 2030 mais do dobro do que tinham planeado antes.

PARTILHAR
Combustíveis fósseis.
Combustíveis fósseis. Foto Production Gap Report 2025.

Os planos governamentais de produção de combustíveis fósseis dos vinte países que mais os produzem divergem cada vez mais do limite para o aquecimento global estabelecido nos acordos de Paris.

Juntos, os países em questão, produzem cerca de 80% dos combustíveis fósseis do mundo. São eles Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Alemanha, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, México, Nigéria, Noruega, Qatar, Federação Russa, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.

De acordo com o Production Gap Report de 2025, um estudo desenvolvido pelo Instituto Ambiental de Estocolmo, o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável e o Climate Analytics e para o qual contribuíram mais de 50 investigadores de vários países, os governos destes países estarão a planear produzir em 2030 mais do dobro (120%) do volume de combustíveis fósseis do que seria consistente com a limitação do aumento do aquecimento global a 1.5°C face aos níveis pré-industriais e mais 77% do que seria consistente com um aumento de 2°C.

17 destes 20 países terão planos para aumentar a produção de pelo menos um dos combustíveis fósseis até 2030. Isto significa um aumento relativamente ao último relatório, feito em 2023, no qual se estimava que este mesmo tipo de produção ficaria acima 110% do limite de 1.5°C e 69% do limite de 2°C. Descobriu-se ainda que os governos planeiam produzir mais carvão até 2035 e mais gás até 2050 do que constava desse relatório feito há dois anos.

De acordo com os autores, isto significa que, para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, “o mundo deve implementar reduções na produção de combustíveis fósseis mais drásticas e rápidas para compensar a falta de progresso até à data”. Se cumprirem os seus compromissos, os governos que expandam a infraestrutura de combustíveis fósseis “desperdiçam recursos públicos em projetos que acabarão por se tornar ativos improdutivos”. Serão assim precisas “políticas deliberadas, coordenadas” para chegar às reduções que permitam uma “transição justa”.

Derik Broekhoff, dirigente do Instituto Ambiental de Estocolmo e coordenador do estudo, vinca que “muitos” países “parecem “estar presos a um manual dependente de combustíveis fósseis, planeando uma produção ainda maior do que há dois anos.”

Emily Ghosh, outra das autoras principais do relatório, acrescenta que é preciso “redirecionar recursos para uma transição energética que priorize a equidade e a justiça” e que “até à COP30, os governos devem comprometer-se a expandir as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, gerir a procura de energia e implementar transições energéticas centradas na comunidade para se alinharem com as obrigações do Acordo de Paris”.