O ano letivo arrancou na semana passada e esta segunda-feira o Ministério da Educação, Ciência e Inovação divulgou números oficiais de 17 de setembro a partir dos dados da Agência para a Gestão do Sistema Educativo. Os números indicam que falta pelo menos um professor em 78% das escolas públicas do país e há 38 escolas com mais de de horários por preencher, sobretudo nas zonas de Lisboa e Península de Setúbal.
Os números agora conhecidos vêm desmentir as afirmações do ministro da Educação na abertura do ano letivo. Fernando Alexandre tinha garantido que em pelo menos 98% das escolas os alunos teriam aulas a todas as disciplinas, uma vez que todos os professores estavam já colocados.
Os dados avançados pelo Ministério e citados pela agência Lusa dão conta de que na realidade existiam a 17 de setembro pedidos das escolas para ocupar 2.410 horários, dos quais 1.042 (43%) completos. Números que se aproximam dos que a Fenprof tinha estimado a 18 de setembro em comunicado, apontando 1.307 horários por preencher, afetando diretamente mais de 100 mil alunos.
Pré-escolar, educação especial, Português do 3.º ciclo e Informática são as disciplinas com maior carência de docentes colocados. O Ministério diz agora serem necessárias medidas direcionadas para as escolas com mais professores em falta, como a realização de um concurso extraordinário para vincular cerca de 1.800 professores nas regiões mais carenciadas ou a atribuição de uma majoração no apoio aos docentes deslocados nessas zonas.
No seu comunicado, a Fenprof alertava que “as soluções temporárias estão a falhar e nenhuma manobra de distração consegue esconder esta realidade”. A prioridade passa por uma revisão do Estatuto da Carreira Docente “que melhore o estatuto, valorize e considere os professores”, de forma a contribuir “para o regresso de profissionalizados que abandonaram a profissão, para a fixação dos que nela se encontram e para atrair os jovens para projetos de vida em que a docência seja uma opção assumida”.