Cerca de duas centenas de pessoas participaram, este domingo, no protesto realizado na Torre da Serra da Estrela, convocado na sequência dos incêndios do mês passado. Os manifestantes exigiram que as paisagens não sejam vistas apenas como cenários de turismo intensivo ou territórios de monoculturas, mas como espaços de convivência entre pessoas e animais, com respeito pelos rios e pelas florestas, um bem comum que pretendem defender de forma participativa.
No manifesto convocatório, o movimento reclama respeito e dignidade através de um pacto democrático que assegure florestas vivas, biodiversidade, água limpa e uma economia que valorize quem vive no território. Exigem prevenção ativa e contínua, com equipas profissionais de sapadores florestais, gestão permanente do combustível e investimento na rede primária de defesa. Defendem um novo modelo de ordenamento que substitua as monoculturas de eucalipto por espécies autóctones mais resilientes ao fogo; reivindicam a valorização da comunidade e da economia local, com a criação de empregos verdes, habitação acessível e serviços públicos de qualidade. Pedem ainda o reforço descentralizado dos meios de combate, com maior autonomia e valorização dos bombeiros. Reclamam transparência e participação comunitária nas decisões políticas, incluindo fóruns locais permanentes e uma revisão do sistema eleitoral que garanta representatividade efetiva aos territórios de baixa densidade.

Durante o protesto, muitos cartazes apelavam à defesa do interior e do território contra a ânsia extrativista das monoculturas. “As serras são do povo”, lia-se em alguns, na defesa da biodiversidade. Num dos momentos da manifestação, um grupo de participantes ergueu cartazes pintados de preto, simbolizando as áreas ardidas, e outros de verde, representando a esperança e o futuro desejado. A ação foi acompanhada por cânticos de protesto contra a mercantilização das serras, contra a mineração intensiva, pelo ecofeminismo e contra o fascismo.
O protesto contou também com momentos de poesia, a atuação de um coro feminino e outras intervenções culturais. O manifesto “Por Serras Dignas” foi subscrito, até ao momento, pelos seguintes coletivos: Ação Floresta Viva; Caminheiros da Gardunha; Casa das Palmeiras; CISMA; CooLabora; Cova da Beira Converge; Covilhã a Marchar; Ecoativo; Instinto; Movimento Bravo Mundo; PRIP; Quercus Guarda; Sempre Ligados; União dos Sindicatos de Castelo Branco; e Veredas da Estrela.