O traçado para a linha de alta velocidade que tinha sido apresentado pela Infraestruturas de Portugal (IP) sofreu uma alteração nos arredores de Espinho. O plano original previa que a linha atravessasse a Quinta da Gata, mas a reformulação do traçado poupa o terreno, colocando antes em causa várias casas.
Os moradores e autarcas ficaram surpresos pela alteração, segundo o Público. Nuno Almeida, presidente da Junta de Freguesia de Anta e Guetim, em Espinho, confirma que alguns fregueses foram contactados por uma empresa de avaliação imobiliária para procederem à expropriação de terrenos. Só que a expropriação desses terrenos não fazia parte do traçado original.
Numa sessão pública em 2023, foram apresentadas várias alternativas para o traçado, mas nenhum deles corresponde à que está agora a ser apresentada pelos técnicos da Luso-Roux, a consultora de engenharia que está no terreno. Ao Público, a Infraestruturas de Portugal diz que as informações apresentada na sessão pública foram extemporâneas, porque só mais tarde nesse mesmo ano foram obtidos o Título Único Ambiental e a Declaração de Impacto Ambiental favorável condicionada.
A IP confirma que “caberá à futura concessionária tratar da aquisição dos terrenos necessários, mediante expropriação, e proceder à construção do troço em questão”, só que a empresa diz que “não foi informada pelo Consórcio Adjudicatório da realização de quaisquer ações/iniciativas no terreno, nem tão-pouco dos contactos com as populações” com vista às expropriações.
“Técnicos no terreno já disseram a proprietários que as suas casas serão demolidas. Mas em sessões públicas e reuniões de trabalho anteriores entre a Junta de Freguesia e a IP, essas mesmas casas estavam protegidas. Como se explica isto? Como se justifica que um cidadão descubra, pelo acaso de uma conversa, que pode perder a sua casa? Como é possível que, no meio desta confusão, a IP continue sem prestar qualquer esclarecimento formal?”, disse Nuno Almeida em comunicado de imprensa.
O autarca reforça que o traçado que está a ser apresentado pelos técnicos no terreno não corresponde às opções apresentadas na consulta pública.
Esta notícia foi atualizada às 17h36 de acordo com a alteração que o jornal Público fez à sua própria notícia, dado que não conseguiu verificar a ligação entre a Quinta da Gata e o grupo dono da Solverde.