A Fenprof mostra-se preocupada com a falta de professores e apresentou ao Ministério da Educação esta sexta-feira uma proposta de recomposição da carreira.
O secretário-geral da organização, Mário Nogueira, em conferência de imprensa à porta do Ministério, declarou que “a falta de professores este ano vai ser um problema mais grave do que nos anos anteriores”. Com os professores a regressarem das férias e o ano letivo à porta, a federação sindical alerta que “vai aumentar” o número de “professores não profissionalizados e o número de alunos sem os professores todos”.
Apenas mais tarde se compreenderá a dimensão do problema mas o dirigente sindical nota que só “há 20.800 professores nas reservas de recrutamento para cerca de 30 a 35 mil contratações que vão ser precisas”. Para além disto, esperam-se mais reformas. Os números apresentados são de mais 2.493 professores aposentados até final do mês que agora se inicia e de “mais de 300 por mês até ao final de dezembro”. Estes têm turmas atribuídas por enquanto “mas depois vão embora, deixando os alunos sem professor”.
Mário Nogueira vinca que o número de professores a reformar-se tem aumentado sem que seja compensado pela entrada de novas pessoas na carreira: “em 2021, aposentaram-se 1.994, em 2022 foram 2.401 e este ano vão passar os 3.500” e apenas “600 e poucos” alunos terminaram cursos com vista ao ensino, contabiliza.
Isto já para não referir outro aspeto: com um corpo docente mais envelhecido “é natural que o número de baixas médicas venha a aumentar”, escreve o Secretariado Nacional da organização em comunicado.
O sindicato crê que uma forma de inverter esta situação é melhorar as condições de trabalho por exemplo com “horários de trabalho que respeitem a lei”, mudando o número de alunos por turma e o regime de concursos, criando incentivos à colocação em zonas carenciadas e eliminando a precariedade “sem criar novas penalizações”.
E isto liga-se com outra das questões que levou os sindicalistas ao Ministério esta sexta-feira para “dar um sinal ao governo e aos portugueses de que considera a negociação como via privilegiada para resolver os problemas”: apresentar uma nova proposta sobre as carreiras dos professores. Nela, insiste-se na recuperação do tempo de serviço congelado e defende-se uma recuperação gradual de 798 dias por ano até ao final do mandato do atual governo.