Quando passarem 25 minutos das nove da noite desta sexta-feira, “justamente no local e à hora a que o Sud Expresso e o Lusitânia apitavam e partiam rumo a Madrid e a Hendaye”, no cais 3 de Santa Apolónia, a campanha pelo regresso dos comboios noturnos internacionais promove uma Festa do Pijama, em modo “Silent Disco”, ao som de DJ Manifiesta. Os participantes são convidados a “trazer os seus auriculares e o seu pijama e a vir dançar por uma cidade e um planeta saudáveis”.
"O verão está a chegar e muitas de nós gostavam de viajar para visitar amigas e família e para ir de férias, de forma sustentável e respeitosa do ambiente e dos nossos corpos. Sentimos a seca e os fenómenos climáticos cada vez mais extremos. Queremos viajar de maneira responsável e justa, com transportes públicos, entre Portugal e a Europa", afirma Anne Sealand, do movimento ATERRA, que apoia a iniciativa e se opõe à expansão da capacidade aeroportuária, defendendo em alternativa o investimento na ferrovia e o estabelecimento de limites ao tráfego aéreo em todos os aeroportos nacionais.
“Os comboios noturnos são a alternativa mais ecológica ao avião e aos aeroportos. São o futuro das viagens internacionais. Os destinos ficam a uma hora de distância: meia hora para adormecer e meia hora para despertar", afirma por seu lado Francisco Pedro, da ATERRA.
A campanha pelo regresso dos comboios noturnos internacionais reuniu cerca de dez mil assinaturas e foi entregue no ano passado pelos peticionários (de pijama) ao então ministro João Galamba. Nesse encontro, o governante disse aos ativistas que o compromisso com a ferrovia tinha outras prioridades. Além disso, relataram os ativistas, "ainda expuseram a sua preocupação com a viabilidade financeira do serviço", o que para a campanha ATERRA é um "argumento que não pode colher face aos subsídios públicos desmedidos que a aviação recebe, nomeadamente pela isenção de impostos sobre o combustível e pelos resgates financeiros no contexto da pandemia".