Num ano, falta de professores de Português aumenta 250%

12 de março 2024 - 12:48

Há cada vez menos professores a formarem-se a cada ano e cada vez mais necessidades nas escolas. A solução, apontam alguns dos responsáveis pelas associações de professores, passa por valorizar a carreira docente.

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Professores. Foto de Paulete Matos.
Professores. Foto de Paulete Matos.

Com os cursos de formação de professores a terem cada vez menos procura e o envelhecimento da atual classe docente, continua a agravar-se o problema da falta de professores nas escolas. O Diário de Notícias lança esta terça-feira um olhar para duas áreas, Português e Matemática, sob o pretexto de estarmos a cerca de três meses dos exames do 9º ano nestas disciplinas.

Através dos números da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, fica ilustrada esta descida: entre 2003 e 2007 formaram-se 357 professores de Português e 256 de Matemática; entre 2018 e 2022 foram apenas 45 em Português e 26 em Matemática.

O vice-presidente da Associação Nacional de Professores de Português, João Pedro Aido, contabiliza em sete vezes menos “do que as necessidades atuais” o número de professores formados para a disciplina de Português. E acrescenta outros dados imediatos a esta equação: “em relação ao ano letivo anterior, faltam quase três vezes mais professores de Português para lecionar o 3.º ciclo e o secundário. Na semana antes do início do ano letivo, em 2023/24, faltavam 129 professores de Português nas escolas públicas para dar 2.240 horas semanais – no ano de 2022/23, havia 48 professores por colocar, para um total de 559 horas. Ou seja, o problema agravou-se cerca de 400% em termos de horas semanais e cerca de 250% em termos de número de professores”.

E a tendência continuará; se em 2023 faltariam 854 professores de Português; em 2024, faltam 897 professores; em 2025 serão 1.134; e, em 2030, serão 2.861.

Entretanto, “60% das escolas tiveram de recorrer a docentes sem habilitação profissional” e estes, acredita, “são professores que têm habilitação académica, que não têm formação pedagógica, e que, nalguns casos, têm uma formação científica que não é robusta”.

O docente critica ainda a existência de “turmas cada vez maiores e professores com um número crescente de turmas, com recurso a horas extraordinárias” que “podem pôr em causa a qualidade do sistema educativo”.

Sobre Matemática, sublinha-se que os últimos dados disponibilizados pela DGEEC indicam uma média de 26 professores formados por ano no grupo de docência 500 quando seriam necessários 155. Joaquim Pinto, presidente da Associação de Professores de Matemática, defende que resolver a questão passa por a carreira docente ser “devidamente valorizada” e os docentes “têm de ganhar mais autoridade dentro das escolas”. Isto porque “temos de dar valor aos professores porque há anos que os jovens não veem o ser professor como uma profissão de futuro”.