A Comissão Coordenadora Distrital de Leiria do Bloco de Esquerda pensa que o país “não se preparou minimamente” para evitar incêndios da dimensão dos que ocorreram há cerca de seis anos em Pedrógão Grande.
Em comunicado, a estrutura distrital do partido lembra esse “ano catastrófico, com mega incêndios em junho e outubro, períodos que habitualmente estão fora das épocas de maior risco de incêndio” e as perdas humanas e materiais que deles resultaram, considerando-os “impossíveis de combater, mas perfeitamente possíveis de evitar com medidas de prevenção”.
O problema é que “seis anos passados, quem hoje visitar os distritos de Leiria, Coimbra, Viseu ou Castelo Branco encontra territórios e paisagens fortemente marcadas pelas chamas e dominadas por áreas florestais abandonadas e ocupadas por espécies invasoras, das acácias aos eucaliptos, gerando elevadas concentrações de material combustível que potenciam, fortemente, os riscos de incêndio” e “quem habita nestes territórios sofre com o abandono da política pública e com a permeabilidade do Governo aos grandes interesses económicos”.
Fala-se em “muitos anos de negligência dos sucessivos governos que decidiram apoiar a indústria da celulose, entregando-lhes facilidades e muito dinheiro público, ao mesmo tempo que recusavam apoio aos pequenos agricultores e proprietários florestais da região Centro, que eram garantia de fragmentação da paisagem com áreas agricultadas e pela gestão de matos por via da pastorícia e da articulação entre práticas de gestão agrícola e florestal”.
Contudo, de há seis anos para cá “multiplicaram-se os estudos e comprovou-se o expectável, a uniformização da paisagem com extensas e contínuas monoculturas florestais de crescimento rápido (eucalipto e pinheiro-bravo), associada aos eventos meteorológicos extremos, faz escalar, fortemente, o risco e a perigosidade dos incêndios”. E este também se agrava “a cada ano” com “o avançar da crise climática e com o território rural cada vez mais despovoado”
O partido sublinha que “nestas circunstâncias, o papel da proteção civil fica praticamente reduzido ao salvamento de vidas humanas, pois o avanço das chamas torna-se imparável por ação humana”. E “até à data, os governos do Partido Socialista nada mudaram neste panorama”, acusando-os de se dedicarem a “criar ilusões e a enganar as populações rurais”. Como exemplo disto apresenta-se a criação da Florestgal, “empresa pública que sediaram em Figueiró dos Vinhos, com a promessa de recuperação de territórios ardidos, mas até à data não se conhece uma única ação de recuperação de áreas ardidas em toda a região do Pinhal Interior que tenha beneficiado da ação desta entidade”. Isto ao mesmo tempo que o financiamento das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem é “medíocre”, aponta a distrital bloquista.