Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística apresentados esta quarta-feira, durante o segundo trimestre do ano, houve um crescimento de 77,6 mil no número de pessoas empregadas, 1,6% face ao ano passado, feito à custa de mais precariedade: mais de 80% do trabalho disponibilizado foi precário. Foram contratados a termos mais 68 mil trabalhadores (aumento de 12% relativamente ao ano passado) e 19,7 mil em situações ainda mais precárias (subida de perto de 18%).
Aumentou ainda o emprego em setores como o alojamento e a restauração com mais 74,3 mil postos de trabalho, “atividades administrativas e dos serviços de apoio” com mais 42,3 mil e construção com mais 40,7 mil.
A contrastar com este crescimento, houve, escreve o DN/Dinheiro Vivo, “uma destruição recorde de emprego no setor da Educação (público e privado) e em áreas não especificadas da Administração Pública, Defesa e Segurança Social, eventualmente muito qualificado e com níveis elevados de escolaridade”. Isto traduz-se em números por uma perda de 66.000 postos de trabalho, uma queda de mais de 14%, na educação, e de 39.000 no setor dos serviços da Administração Pública.
As estatísticas mostram uma quebra de emprego em setores mais qualificados, por exemplo o emprego de “especialistas das atividades intelectuais e científicas” cai perto de 108 mil, a maior queda desde que existe a atual série estatística (2011), e o número de “trabalhadores não qualificados” cresce em mais de 53 mil num ano tal como o de “trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores” com mais 76,6 mil. Assim, num ano, há menos 128.000 trabalhadores com o ensino superior, uma queda de 7,3%, do que no ano passado. Mais uma vez a maior queda da atual série do INE.
O aumento da precarização e o crescimento de emprego em setores de baixos salários fez com que o salário médio tenha sido apenas de 1.044 euros, uma subida de 0,5%, a segunda mais fraca da atual série estatística do INE, longe de conseguir compensar a inflação.
Contas feitas ao desemprego, estima-se que tenha havido neste período 324,5 mil pessoas nesta situação (6,1%). O que representa uma diminuição de 14,7% (55,8 mil) em relação ao trimestre anterior mas um aumento de 8,6% (25,7 mil) relativamente ao mesmo período do ano passado.
Registou-se ainda um aumento de 0,4% da parte da população empregada que está em teletrabalho relativamente ao ano passado, mais 3% face ao trimestre anterior. Há 908,9 mil trabalhadores nesta situação, 18,3% do total.
A CGTP reagiu a estes dados exigindo uma rutura com o “modelo de precariedade e baixos salários vigente” e um aumento geral dos salários.