Mobilidade

Rede ciclável de Lisboa tem novo plano, mas “a montanha pariu um rato”

23 de maio 2024 - 17:52

O plano apresentado por Carlos Moedas esta quinta-feira anuncia um aumento de 50% da rede ciclável. Mas o aumento inclui as ligações já previstas, algumas que já estão feitas e as de Monsanto que não se destinam à mobilidade urbana, aponta o Bloco.

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bicicletas da rede GIRA
Foto Câmara Municipal de Lisboa

O novo plano para a Rede Ciclável de Lisboa foi apresentado esta quinta-feira pelo presidente da autarquia e o seu vereador para a mobilidade, Filipe Anacoreta Correia. O executivo camarário anunciou o aumento da rede ciclável em 50% e diz ter em conta o diagnóstico feito por uma recente auditoria e o sentimento de insegurança nos cruzamentos declarado por dois terços dos inquiridos num inquérito online.

Num comunicado divulgado logo após o anúncio do plano, o gabinete da vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias afirma que ele “não responde ao diagnóstico e a proposta é abaixo dos mínimos exigidos”, concluindo que “a montanha pariu um rato”. A primeira crítica é a de se tratar de “um plano feito de costas voltadas para as pessoas”, sem ouvir munícipes e em particular quem utiliza a bicicleta para se deslocar em Lisboa. E lembra que ainda não se conhece o resultado da auditoria do LNEC à ciclovia da Av. Almirante Reis. 

O Bloco afirma que a auditoria feita pela empresa Copenhagenize e o diagnóstico que efetua estão bem feitos, mas o plano de Moedas acaba por ignorá-la: “das 14 ‘falhas de alto nível’ identificadas, o plano só trata de uma - a ligação da Baixa, já realizada em parte com a Rua da Prata - e o mesmo acontece para as ‘ligações de alta prioridade’”. Além disso, muitos dos erros identificados “resultam de Moedas ter parado o projeto que estava em curso”. Uma interrupção que “criou muitos dos problemas que agora diz querer resolver e estagnou o número de utilizadores de bicicletas”.

Por outro lado, o aumento de cerca de 90 quilómetros de rede inscrito neste plano “na maioria são ligações que estão previstas e não novas ciclovias, para além de contar com ciclovias que já estão feitas e de incluir as ciclovias de Monsanto, que são direcionadas ao lazer e não a mobilidade urbana”. E não fica claro se Moedas está a falar de redes segregadas ou “meras zonas bici 30km/h, que não são seguras para crianças, e não são utilizadas internacionalmente”.

Outra falha apontada tem a ver com um dos problemas identificados na auditoria e que também não vê resposta neste plano, pois este “não trata de levar as ciclovias aos ‘destinos importantes’, mantendo o problema em freguesias como a Penha de França, Alcântara, Ajuda, Santo António, Belém ou Benfica, como apontado pelos participantes do inquérito realizado na auditoria”.

Apesar de o plano resolver algumas falhas na rede, o Bloco diz que não só fica aquém das necessidades como é insuficiente para Lisboa “acompanhar outras cidades europeias que estão rapidamente a evoluir em termos de mobilidade ativa”. “E está longe muito de ajudar a atingir as metas da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável para 2025”, remata.

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