A candidatura autárquica do Bloco de Esquerda no Porto organizou este sábado uma festa de rua, o Festival das Culturas, no Bonfim. Houve concertos e bancas de artesanato, livros, comida quente e doces vindos de países como Portugal, Colômbia, Brasil, Marrocos, Palestina, Ucrânia, Bangladesh e Angola.
Com a chuva a cair, o cabeça de lista para a Câmara, Sérgio Aires, fez questão de dizer que não seria esta a desmobilizar quem durante quatro anos lutou “contra Rui Moreira e as suas bengalas do PS e do PSD”.
O candidato resumiu em seguida estas eleições no Porto como apresentando “um regresso do Rui Rio, na candidatura de Pedro Duarte, que nem sequer esconde que é exatamente isso que quer, é aquela cidade pequena, conservadora, mesquinha e que odeia aos pobres” e “uma continuidade de Rui Moreira, provavelmente pior, porque as fotocópias são sempre piores, na candidatura de Manuel Pizarro e das bengalas que ele for encontrar”. Este “não terá nenhum problema em fazer coligações, seja com quem for, como ele aliás diz, nomeadamente com o Chega”.
Por seu lado, a candidatura do Bloco é “uma candidatura e um programa de combate à pobreza”. O que passa pela habitação que é também, “o lugar onde vivemos. São as praças, o acesso a serviços públicos, é a saúde, é a educação”.
Construção de habitação pública e recuperação de prédios devolutos, numa cidade em que há “bairros inteiros cheios de casas devolutas”, estão assim entre as prioridades apresentadas.
O candidato visou ainda “as quatro ou cinco empresas que controlam o alojamento local no Porto” e cujo modelo de negócio destrói o centro histórico e outras zonas da cidade.
Criticou ainda quem promove uma perceção de insegurança como “o argumento mais forte que encontraram para ganhar votos”. O medo que cria faz “abandonar o espaço público, o que, verdadeiramente, vai criar condições para ser mais inseguro”. Para além disso, “a maior parte dos bairros da cidade estão abandonados de infraestruturas, de equipamentos. Tudo que era cultura de desporto nesses territórios não existe. O associativismo nesses territórios está abandonado também”, assinala.
A par com o medo, há um “aguçar de ódio” que vem até agora “de forças que têm enormes responsabilidades na democracia portuguesa”, o que é “verdadeiramente constrangedor”.
“Fazer da cidade um lugar onde a solidariedade é parte da nossa linguagem”
Marisa Matias também se mostrou preocupada com “um crescendo do discurso de ódio, do racismo, da xenofobia nas nossas cidades, nas nossas vilas, nas nossas aldeias”, avançando que “é preciso contrariá-lo” e “mostrarmos que as nossas cidades têm que ser cidades abertas”.
Na candidatura do Bloco do Porto vê “esse espírito, essa dedicação, esse compromisso, essa empatia de fazer desta cidade, deste município, um lugar onde cabemos todos, onde a solidariedade é parte da nossa linguagem comum, onde a empatia é a assinatura das políticas públicas que nos unem, onde enfim teremos um futuro mais justo, mais digno e onde o amor possa prevalecer”.