Cerca de meio milhar de pessoas desfilaram este sábado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, na segunda Grandi Marxa Cabral, sob o lema “Di Povu pa Povu: Libertação, Dignidade, Soberania Popular” e ao ritmo da música e dos cânticos antifascistas.
A celebração do intelectual que se tornou símbolo maior da luta pelas independências dos países colonizados por Portugal, que este ano comemoram o cinquentenário, passou sobretudo pela vontade de prosseguir o seu legado para as lutas de hoje, contra o fascismo e a xenofobia e pela libertação dos povos ainda subjugados, como o da Palestina, como sublinhou à agência Lusa Sumaila Jaló, da Casa da Cultura da Guiné-Bissau.
“Amílcar Cabral é o internacionalismo, é a luta contra a opressão e contra a exploração, é a liberdade, é a luta contra o racismo, contra a xenofobia, é a emancipação do povo da Guiné, de Cabo Verde, de África e do mundo”, disse à agência Lusa Kumpaku Bua Pogha.
Outra manifestante, Graciete Borges, nascida em Portugal, diz que “na escola nunca ouvi falar [de Amílcar Cabral], então para mim tem sido uma descoberta e é fundamental trazermos também aos mais novos essa figura da libertação dos povos africanos”.

A participar nesta marcha esteve Catarina Martins. A eurodeputada bloquista e candidata à Presidência da República veio celebrar Amílcar Cabral enquanto “um dos obreiros da nossa Revolução do 25 de Abril” e pelo seu “enorme contributo para a democracia em Portugal e nos países que estavam colonizados”.
“O pensamento de Amílcar Cabral devia ser mais conhecido, sobre a paz, democracia e autodeterminação dos povos, mas também causas de que se fala menos como a emancipação das mulheres e a igualdade por inteiro. É um intelectual com quem podemos aprender muito”, afirmou Catarina aos jornalistas.
Catarina manifestou ainda a sua gratidão aos movimentos “que foram colocando na agenda esta necessidade de se falar da história como um todo”, pois “num momento em que falamos tanto dos perigos para a nossa democracia, estamos também a viver coisas muito boas, pessoas que começaram a ter voz e a mostrar-nos como podemos celebrar a nossa história sem esquecer ninguém”.