A candidatura autárquica do Bloco de Esquerda em Setúbal organizou este domingo um piquenique no Parque de Merendas da Comenda. A escolha do local não foi feita ao acaso já que este espaço é objeto de uma disputa entre o uso comunitário e o seu fechamento pela família proprietária. O lema do evento era por isso: “não nos tirem a Comenda”.
Daniela Rodrigues, a cabeça de lista à Câmara Municipal pelo partido, explica que a “endinheirada família Mirpuri” que detém a empresa Seven Properties, dona da herdade da Comenda, está a usar o pretexto da classificação do espaço como sítio de interesse arqueológico nacional para interditá-lo ao usufruto da população.
O Bloco de Esquerda compromete-se a “tudo continuar a fazer para que as pessoas continuem a ter acesso ao parque das Merendas da Comenda”. Neste sentido, este verão, lançou uma petição nesse sentido que “está a ter um grande acolhimento por parte dos cidadãos e das cidadãs”.
A candidata defende assim que “o Bloco de Esquerda é a ação, é a força transformadora que garante que a população pode continuar a fruir do espaço público, com qualidade, em segurança, em conforto, tem direito à beleza, tem direito ao descanso, com todas as condições em igualdade de circunstâncias”.
Dentro disto cabe a defesa de que a travessia fluvial para a Troia esteja contemplada imediatamente no passe navegante como também o acesso a espaços verdes. “Precisamos urgentemente de sumidores de carbono, de regular a temperatura na nossa cidade, de ter um plano municipal efetivo de combater as alterações climáticas, de ter uma frente ribeirinha despojada, precisamos de ter horizontes desafogados, não precisamos de projetos megalómanos de marinas na nossa cidade”, afirmou.
A dirigente bloquista Marisa Matias também esteve presente salientando que num tempo político “complicado, em que o discurso de ódio, de racismo, de xenofobia invadiu as nossas vidas, as nossas ruas”, há projeto coletivos como o da defesa do Parque de Merendas da Comenda que mostram que “nos preocupamos e temos orgulho de continuar a preocupar-nos com os nossos vizinhos” e “temos orgulho em pensar nestes problemas como problemas que têm de ser solucionados de forma coletiva e percebemos que estes direitos são mesmo para toda a gente”.
Manifestou portanto acordo “com as iniciativas para impedir que se privatize o espaço público, de usufruto de toda a gente que tem direito”.