Segundo um balanço feito pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), faltarão mais de 800 professores nas escolas públicas portuguesas. A apenas duas semanas do regresso às aulas, a falta de professores ainda existente significaria que cerca de 122 mil alunos ficarão sem, pelo menos, um docente.
A agência Lusa avança que há pelo menos 890 horários por preencher. Isto de acordo com os cálculos da Fenprof, segundo os quais 19.598 horas de aulas estão em falta, o que afeta 4.900 turmas e cerca de 122 mil alunos.
“É um problema que tem vindo a começar a notar-se no Centro e Norte, mas tem uma expressão maior em Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo”, afirmou Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, durante uma conferência de imprensa que assinala o início do ano letivo.
De facto, é nas escolas do distrito de Lisboa que faltam mais professores. São 434 horários por ocupar. Seguem-se Setúbal e Faro com 205 e 112 horários por ocupar respetivamente. Na própria escola onde foi feita a conferência de imprensa, a escola secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, há 24 professores em falta.
As disciplinas com maior carência são Informática, Geografia e Português de secundário, que contabilizam conjuntamente 393 horários incompletos.
O dirigente da Fenprof atacou o programa do Governo para a habitação, criticando-o pelas suas insuficiências. “Continuam a faltar medidas de efetiva resolução de um problema que, a arrastar-se, porá em causa o direito constitucional à educação e ao ensino de qualidade para todos, cuja responsabilidade é da escola pública”, disse.
A federação sindical avisa que o ano letivo poderá começar com nova greve, mas sem impacto nas aulas. Ou seja, uma greve ao sobretrabalho, às horas extraordinárias e componente não letiva. Mário Nogueira explica que a decisão “foi comunicada ao ministro no dia 30”, conjuntamente com a disponibilidade da Fenprof “para reunir e encontrar soluções que regularizem os horários de trabalho dos docentes em todas as escolas”.