Trabalho

Luta dos trabalhadores dos bares da CP continua apesar de indiferença da empresa

27 de maio 2025 - 10:12

Sindicatos reuniram com a ITAU e com a CP, que se mostram relutantes em ceder às suas reivindicações. A empresa pública desresponsabiliza-se da resolução do conflito.

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Bares da CP
Fotografia de Rafael Medeiros.

Os trabalhadores dos bares da Comboios de Portugal (CP) reuniram com a ITAU, empresa que gere a concessão, e com a CP sobre o incumprimento do Acordo de Empresa. Apesar da posição de desresponsabilização da ITAU e da indiferença da CP, a luta dos trabalhadores pelo cumprimento daquilo que foi negociado continua.

A ITAU assumiu a concessão dos bares da CP a 1 de abril, depois de vencer concurso público, mas recusa-se a implementar na totalidade o Acordo de Empresa que tinha sido assinado com a antiga concessionária, a NewRail. Entre as medidas não implementadas estão os horários de trabalho de 35 horas semanais.

Depois de fazerem greve e várias concentrações, os trabalhadores conseguiram agendar reuniões com a ITAU e a CP. Na reunião com os trabalhadores, a ITAU alegou que precisava de um período de carência de um ano para poder avaliar o impacto financeiro da operação e os lucros auferidos pelas vendas diretas a bordo. E só a partir dessa avaliação poderia iniciar uma negociação com os trabalhadores.

Mas os sindicatos recusaram a proposta, afirmando que os trabalhadores não são investidores da empresa e que têm de receber tudo o que está previsto no Acordo de Empresa a partir de 1 de abril. A proposta dos trabalhadores é que a empresa pague todos os meses de valor devido, que faça a avaliação de impacto financeiro no momento em que entender e que depois se negoceia um novo Acordo de Empresa.

Já a CP, em reunião com os sindicatos, mostrou a sua indiferença perante a situação dos trabalhadores, dizendo que não pode envolver o sindicato no que diz respeito ao decorrer de um concurso público e que não pode interceder nas relações laborais entre a empresa e os trabalhadores.

A empresa pública desresponsabilizou-se, dizendo que os sindicatos devem usar todos os mecanismos legais ao seu dispor e frisando que nunca emitiram qualquer parecer jurídico à ITAU que sustentasse o não cumprimento do Acordo de Empresa.

Apesar de a CP alegar que só pode intervir no que diz respeito ao cumprimento do contrato e do caderno de encargos, os sindicatos fizeram saber que existem diversos incumprimentos contratuais, o que forçou a empresa a comprometer-se a averiguar essas situações.

Os sindicatos apelaram a que a CP contribuísse para a resolução deste conflito e procuraram marcar reuniam com a Secretária de Estado da Mobilidade para continuar a pressionar as instituições para o cumprimento do Acordo de Empresa de 2025.