A unidade anti-terrorismo da Polícia Judiciária desmantelou o Movimento Armilar Lusitano (MAL), uma organização de cariz neonazi e ultra-nacionalista. Foram detidas seis pessoas com indícios de atividade terrorista, discriminação e incitamento ao ódio e à violência.
Nas buscas realizadas foi apreendido material explosivos de vários tipos, de várias armas de fogo, algumas das quais produzidas com tecnologia 3D, dezenas de munições, várias armas brancas e material informático, segundo o Expresso. No total foram realizadas quinze buscas domiciliárias e não domiciliárias.
A PJ refere que “a investigação resultou da deteção online de indicadores de manifestações extremistas por parte de apologistas de ideologias nacionalistas e de extrema direita radical e violenta, seguidores de um ideário antissistema e conspirativo, que incentivava à discriminação, ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados”.
O Movimento Armilar Lusitano pretendia constituir-se como um movimento político apoiado numa milícia armada. Os detidos serão esta terça-feira presentes a Tribunal para primeiro interrogatório judicial de arguido detido e para serem sujeitos às medidas de coação entendidas como adequadas. Alguns dos detido já tinham cadastro criminal.
Manuela Santos, diretora da Unidade Nacional Contra-Terrorismo, disse em conferência de imprensa que os suspeitos "estavam a armar-se" e a "recrutar pessoas" para "ter capacidade de treino tática para fazerem uma ação". Em grupos fechados do Telegram, os membros do MAL discutiram a possibilidade de invadir o parlamento, segundo o Expresso.
Este grupo nasceu em 2018 e tem quase mil seguidores no Telegram. Maior parte das rusgas aconteceram na Grande Lisboa. "Houve encontros presenciais que nós acompanhamos, com elementos vindos de vários pontos do país. Temos muita informação sobre outras pessoas que integram esta estrutura", explicou Manuela Santos.
Alguns dos elementos dos grupos pertenceram a outras estruturas de extrema-direita, como a Nova Ordem Social, que foi desativada, mas que era liderada por Mário Machado, neonazi que está à frente do Grupo 1143.
Segundo a CNN Portugal, um dos detidos é um chefe da Polícia de Segurança Pública colocado na Polícia Municipal por ligação ao movimento de extrema-direita. A PJ não descarta que haja mais membros ligados às forças de segurança ou militares.
Na última semana foram noticiados três ataques neonazis em Lisboa, no Porto e em Guimarães. O Bloco de Esquerda lembrou que foi excluída da versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2025 o capítulo sobre “Ameaças” que constava da versão preliminar e que inclui os movimentos de extrema-direita. O Parlamento vai debater, por proposta do Bloco, a eliminação desse capítulo do RASI.
Artigo atualizado às 17h58 com mais informações.