Um dos cabecilhas do grupo terrorista apanhado na “operação desarme 3D” é um chefe da PSP ao serviço da Polícia Municipal em Lisboa. O Correio da Manhã lembra que Bruno Gonçalves já tinha sido notícia em 2012, quando baleou mortalmente Flávio Rentim, então com 18 anos e em fuga após vários assaltos na estação de Campolide. O agente começou por afirmar que o disparo fora involuntário devido à utilização de luvas de couro que retiravam a sensibilidade. Mais tarde mudou a versão dos acontecimentos e atribuiu o disparo mortal a “uma reação instintiva de auto-preservação”. Os inquéritos do DIAP e da IGAI aceitaram a nova versão e arquivaram o processo que pendia sobre o agente agora apanhado a recrutar elementos para a milícia armada neonazi.
Segundo o Expresso, Bruno Gonçalves fazia questão de entrevistar pessoalmente alguns de possíveis candidatos a integrar o Movimento Armilar Lusitano, do qual era um dos três líderes e fundadores. O agente da PSP dava preferência a quem soubesse usar armas de fogo e trabalhasse na segurança privada, forças policiais e militares. Após dar luz verde ao recrutamento, os novos membros entravam em grupos fechados no Telegram e Signal.
O polícia e os outros líderes adquiriam armas, explosivos, munições e impressoras 3D para produzir armas que passassem nos detetores de metais. Ainda segundo o Expresso, Bruno Gonçalves chegou a integrar o departamento de Armas e Explosivos da Polícia de Segurança Pública.
Assessor e pai de deputada do Chega integrou grupo de apoiantes da milícia
O Correio da Manhã dá conta que o assessor do Chega Manuel Matias, pai da deputada Rita Matias, integrava uma lista de apoiantes do movimento num grupo privado de apoio nas redes sociais, acessível apenas por convite, e terá mesmo publicado conteúdos naquele grupo. Contactado pelo jornal, Manuel Matias afirmou: “Apanhou-me de surpresa. Não conheço o grupo. Estou, aliás, nos antípodas dessas pessoas”.
Numa das conversas telefónicas entre membros da milícia intercetada pela PJ, o tema foi justamente a possibilidade de invadirem o Parlamento, um plano que nunca chegou a ser concretizado.
Nas buscas realizadas na terça-feira, a PJ ficou surpreendida com a quantidade e qualidade dos explosivos encontrados, incluindo granadas, TNT e PE4A, que fizeram desta a maior operação do género realizada até hoje em Portugal.