Na noite de dia 10, dois neonazis agrediram duas mulheres que integram uma equipa de voluntários que distribui ajuda alimentar a pessoas em situação de sem-abrigo, no Porto. As voluntárias foram injuriadas e alvo de “empurrões e murros” pelos homens que fizeram a saudação nazi e as culparam pelo aumento de imigrantes no país. Um dos neonazis foi detido na noite de quarta-feira e o outro foi identificado.
Segundo o Público, depois de receber comunicação de uma “ocorrência de desordem na via pública, nomeadamente agressões e injúrias”, a Polícia de Segurança Pública foi chamada ao “beco” ao lado da Rua de Júlio Dinis, onde contactou com as duas mulheres. As mulheres informaram a polícia que, momentos antes da sua chegada “tinham sido vítimas de empurrões e murros bem como injuriadas por um homem e ainda injuriadas por outro homem, com o intuito de as expulsarem à força daquele local”.
Solidariedade
Várias concentrações no domingo vão condenar ataque neonazi n’A Barraca
A PSP tentou identificar os dois homens, mas o suspeito das agressões recusou-se a ser identificado, agredindo um dos polícias e sendo detido no local. A PSP esclarece que “o detido, homem com 24 anos, foi presente às autoridades judiciárias competentes, sendo-lhe aplicada a medida de apresentações semanais perante as autoridades policiais da área da sua residência, enquanto o outro interveniente, homem de 27 anos, apenas foi identificado no local”.
Segundo relatos anónimos, os dois homens estavam alcoolizados e em tronco nu. Identificaram-se como simpatizantes do Chega e fizeram a saudação nazi em direção ao grupo de voluntários e empurraram um deles contra a carrinha da associação.
O lugar onde a agressão ocorreu é um ponto de atuação das associações que distribuem comida a pessoas em situação de sem-abrigo. O Público apurou que o episódio terá levado alguns dos voluntários a deixar de distribuir alimentação por receio de serem agredidos.
Sérgio Aires, vereador municipal e recandidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal do Porto, explicou nas redes sociais que “consta que também estes nazis andam há semanas a distribuir comida pelos sem-abrigo portugueses e a incentivar ao ódio contra os estrangeiros que se encontram a viver na rua”. O ex-presidente da Rede Europeia Anti-pobreza sublinha que estas equipas de rua foram “ameaçadas violentamente e impedidas de fazer o seu trabalho”.
“Apesar da intervenção policial, estas equipas de voluntários sentem medo e põem a possibilidade de, por falta de segurança, suspender o seu trabalho em algumas artérias da cidade”, escreveu. “O que está a acontecer no Porto não é um caso isolado. O discurso de ódio tem consequências reais. Magoa. Marginaliza. Mata”.
Também Mariana Mortágua reagiu ao acontecimento, destacando que os neonazis "que se dizem “simpatizantes do Chega”" agrediram voluntárias que ajudavam pessoas em situação de sem abrigo e um polícia. Num momento em que se sucedem "os ataques à liberdade", vinca, "não ouvimos uma palavra" uma palavra do primeiro-ministro, questionando porquê.
Soubemos hoje de mais um ataque de neonazis, desta vez no Porto, que se dizem “simpatizantes do Chega”. Agrediram voluntárias que ajudavam pessoas em situação de sem abrigo e um polícia. Sucedem-se os ataques à liberdade e de @LMontenegro_PT não ouvimos uma palavra. Porquê?
— mariana mortágua (@MRMortagua) June 12, 2025
No mesmo dia, em que se celebra o Dia de Portugal, um grupo de neonazis atacou o ator Adérito Lopes em Lisboa, à porta do teatro A Barraca, hospitalizando o ator e ameaçando os atores daquele espaço. Segundo relatou a imprensa, no grupo estavam alguns dos envolvidos na morte de Alcindo Monteiro e membros com ligações aos Blood & Honour, uma organização de extrema-direita que constava num capítulo da versão preliminar do Relatório Anual de Segurança Interna de 2024 que acabou por ser apagado da versão final.