A Federação dos Trabalhadores da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo (FESAHT) marcou nova greve dos trabalhadores dos bares da Comboios de Portugal (CP) para dias 11 e 12 de junho. Depois de reuniões com a ITAU, empresa concessionária do serviço, e com a própria CP, os trabalhadores criticam a empresa por não estar de “boa-fé” e por insistir “numa atitude de confrontação com os trabalhadores”.
Em causa está o não cumprimento da totalidade do Acordo de Empresa que os trabalhadores tinham assinado com a antiga concessionária, a NewRail. A ITAU ganhou o concurso de concessão do serviço dos bares dos comboios que começou a 1 de abril de 2025 e desde logo recusou-se a cumprir o acordo na integra. Logo em abril, os trabalhadores marcaram a primeira greve.
Trabalho
Luta dos trabalhadores dos bares da CP continua apesar de indiferença da empresa
Nas últimas semanas, os sindicatos reuniram-se com a ITAU, que alegou que precisava de um período de carência de um ano para poder avaliar o impacto financeiro da operação e os lucros auferidos pelas vendas diretas a bordo. A proposta foi rejeitada, com a convicção de que os trabalhadores não são investidores da empresa e que têm de receber tudo o que está previsto no Acordo de Empresa a partir de 1 de abril. Na reunião com a CP, a empresa pública mostrou a sua indiferença perante a situação dos trabalhadores, dizendo que não pode interceder nas relações laborais.
Agora, na posição da FESAHT enviada à administração da ITAU, os trabalhadores sublinham que a empresa “fingiu uma negociação que não estava disposta a realizar, recusando todas as propostas sindicais” e “insiste em manter erros há muito identificados no processamento salarial ou nas escalas”.
A FESAHT sublinha que o Acordo de Empresa “é válido, está em vigor e tem de ser cumprido na íntegra” e que “qualquer negociação de um novo Acordo de Empresa, que substitua o atual, tem de ter como base a retribuição e demais condições de trabalho auferidas pelos trabalhadores em março de 2025”.
No pré-aviso de greve, a FESAHT exige o cumprimento integral do Acordo de Empresa e condições de trabalho dignas na defesa dos direitos dos trabalhadores. Para além do cumprimento integral do Acordo de Empresa, os trabalhadores sublinham ainda que a empresa não procedeu ao pagamento correto das cláusulas de expressão pecuniária, mesmo com os valores de 2024, nem ao pagamento de 8 horas de trabalho nos feriados que sempre foram pagas.
É ainda criticada a falta de clareza e exatidão nos recibos de vencimento e na definição de hierarquias e chefias, mas também o modelo de escalas com quatro viagens por dia e a manutenção de más condições de trabalho tanto em terra como a bordo dos comboios.